Parque Arqueológico Subaquático do Slavonia (2015)
Tipo de Sítio: Naufrágio
Localização: Flores > Lajes das Flores > Lajedo
Zona: Ilhéu Baixo
Cronologia: Século XX
Ano: 1909
Concluído a 20 de junho de 1903, depois de passar brevemente ao serviço da British Indian Steam Navigation Ltd., foi vendido à Cunard Steam Ship Co. Ltd., sendo colocado na carreira do Atlântico Norte, passando a transportar, na ida, emigrantes europeus em busca do sonho americano e, na volta, os passageiros endinheirados de Nova Iorque para Liverpool. Naufragou, por erro do capitão, na costa do Lajedo, Flores, em 1909. A importância histórica, arqueológica e documental deste naufrágio é de tal forma relevante que foi classificado como quarto parque arqueológico da Região Autónoma dos Açores.
Foi no término de um cruzeiro que o Slavonia rumou em direção à Europa, numa quinta-feira, dia 3 de junho de 1909, embarcando naquela que viria a ser a sua última viagem. Transportava consigo 225 tripulantes e 372 passageiros 272 de segunda e 100 de primeira classe com destino a Trieste. Foram os passageiros de primeira classe os responsáveis pela tragédia. Apercebendo-se que a rota do paquete os levaria a passar a 160 quilómetros a norte da ilha do Corvo, alguns dos passageiros fizeram chegar ao comandante Arthur Dunning um pedido escrito para que este alterasse a rota de maneira a que se pudessem observar bem as ilhas dos Açores.
O comandante Dunning planeou então rodear a ilha das Flores pelo Sul, numa rota afastada de terra cerca de seis milhas náuticas para só então prosseguir no seu curso original. Mas vítima de um forte nevoeiro e uma forte corrente marítima que o desviou da rota prevista, o Slavonia entrou proa adentro pela costa do Lajedo, junto do ilhéu da Baixa Rasa, a cerca de 1 quilómetro da Ponta dos Fenais.
Com a popa ainda emersa, o fogo a arder nas fornalhas das caldeiras e a luz elétrica ainda operativa, o posto de radiotelegrafia, uma novidade para a época, emitiu um S.O.S desesperado. O pedido de socorro foi captado pelo paquete germânico Prinzess Irene e pelo navio Batavia, da empresa rival Hamburg Amerika Linie, que imediatamente se dirigiram para o local do naufrágio.
Entretanto, no Slavonia, abalado em toda a estrutura pelo encalhe violento, a agitação do mar causou o colapso do compartimento até então estanque da ré levando a popa a mergulhar progressivamente no mar. A água chegou finalmente às caldeiras e, às 8 horas da manhã, o fogo das fornalhas apagou-se irremediavelmente.
O Batavia tinha já ancorado nas Lajes e preparava-se para embarcar a maioria dos passageiros para, posteriormente, os fazer desembarcar em Nápoles. As operações de desembarque processaram-se ordenadamente quer através dos escaleres dos transatlânticos envolvidos quer através de um cabo vaivém passado entre a costa e o Slavonia.
Notas de mergulho:
Os monumentais destroços do Slavonia estão localizados nas coordenadas 39º23’01’’N e 31º15’20’’O a -15 metros de profundidade, tendo sido reconhecidos em agosto de 2014. O Museu das Flores possui um lavatório de loiça desta embarcação, convenientemente identificada com o símbolo da companhia Cunard e um armário-louceiro de madeira.
Fotografias:
01. Cunard R.M.S. “Slavonia” at Naples, Postal ilustrado.
Crédito: Museu das Flores
02. SS Slavonia em doca seca.
Crédito: U.S. National Archives and Records Administration/ Domínio público
03. Embarque do Slavonia em Fiume.
Crédito: City Museum of Rijeka
04. e 05. O Slavonia logo depois do encalhe na manhã de 10 de Junho de 1909.
Crédito: Instituto de História Contemporânea/ Alexandre Monteiro
06. Vista a partir do navio Slavonia, em Junho de 1909, mostrando o salvamento da tripulação e passageiros através de cabo vaivém entre o navio e a falésia.
Crédito: wrecksite.eu/ William George Cooper
07. Logótipo da Cunrad Steam Ship Company Limited, gravada em lavatório do navio.
Crédito: Museu das Flores
08. Lavatório do SS Slavonia.
Crédito: Museu das Flores
09. Cartaz publicitário Cunrad [Slavonia] / New York – Mediterranean, Adriatic. Cerca de 1905.
Crédito: Designer desconhecido / Domínio público
10. Cartaz da Cunard Line. “Para segurança e conforto, escolha a velha e fiável Cunard Line. Estabelecida em 1840. Navega 4 vezes por semana. Para todos os pontos da Europa. Entre Nova Iorque e Liverpool”, George H. Fergus, Chicago, 1874.
Crédito: Domínio público









